A importância de uma equipe multiprofissional no combate e prevenção do suicídio
Diversos profissionais podem auxiliar no tratamento junto ao especialista
Setembro é o mês de conscientização e prevenção da população no combate ao suicídio, muitas vezes motivado pela depressão, transtorno bipolar e abuso de drogas. Para a eficácia no tratamento desses transtornos, a importância de uma equipe multiprofissional é indispensável na abordagem e acompanhamento das pessoas na evolução desse quadro.
Em média, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio anualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A preocupação se torna ainda maior dentro de um momento pandêmico vivido desde o ano passado, no qual muitas pessoas sofreram com a perda de familiares e amigos próximos, além dos novos fenômenos encarados pela sociedade, como o medo e a insegurança. Sem contar que o isolamento social afetou diretamente a rotina dos cidadãos.
Dados apresentados pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) indicam que 96,8% dos casos de suicídio no Brasil têm relação com transtornos mentais e uso de drogas. A presença do médico psiquiatra é essencial nesse processo de prevenção, mas uma equipe multiprofissional se faz necessária geralmente, como os enfermeiros, nutricionistas, profissionais de educação física, assistentes sociais, entre outros profissionais que atendam às várias necessidades do indivíduo.
Outro levantamento da OMS alerta que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos e 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda. Dentro do cenário apontado, aparecem frustrações em relacionamentos e pressões financeiras. Eles são como gatilhos que podem desencadear em transtornos mentais.
A psicologia e psiquiatria são áreas multidisciplinares que ajudam na prevenção ao suicídio. A professora, mestre em Psicologia da faculdade Facimp, Roberta Borba, aponta que o humor deprimido, angústia, desesperança e desespero, levam a pessoa para uma visão estreita e distorcida da realidade, gerando uma dor emocional aliada a um vazio, proporcionando um processo de adoecimento psíquico que pode gerar um risco de suicídio.
“O apoio e a interação incessante dos familiares e amigos, são fundamentas e devem se fazer presentes. Esse processo traz a sensação de segurança, além da ajuda profissional especializada no tratamento e motivação, reinserindo aos poucos a pessoa nas atividades e prazeres da vida”, comenta Roberta.
A professora Merlyn Mércia Oliani, mestre em Biodinâmica da Motricidade Humana da Unidade Estácio Ribeirão Preto, relata que “muitos estudos apontam o bullying, o cyberbullying, a falta de amigos e a depressão como preponderantes nas situações suicidas e que a adesão a programas de exercício físico pode promover benefícios importantes, pois a prática modifica valores e atitudes que atenuam a ocorrência de eventos como bullying e cyberbullying, oportuniza o fortalecimento de laços e vínculos de amizade, além de desencadear a produção de neurotransmissores específicos que melhoram ou estabilizam o estado de humor atenuando os sintomas depressivos”.
A coordenadora de Nutrição da Estácio Ribeirão Petro, mestre em Saúde da Criança e Adolescente, Ana Carolina Port, afirma que a alimentação pode também auxiliar na melhora da saúde mental. “Muitos nutrientes encontrados nos alimentos são importantes para a formação dos neurotransmissores que auxiliam na melhora do humor e no bem-estar, por isso ter uma alimentação variada com todos os tipos de alimentos é importante, pois assim você consegue garantir estes nutrientes. Não existem alimentos milagrosos, o importante é o equilíbrio”. A professora também faz um apontamento importante sobre a relação do alimento como fonte de prazer: “além de pensar nos nutrientes, é importante que você busque se alimentar de forma prazerosa, pois o momento da refeição pode ser também um momento em que temos momentos de bem-estar, o que também contribui para produção dos neurotransmissores do bom humor”