E se o seu filho aprendesse a reduzir o consumo de carne a partir da escola?

Comer de forma consciente e com diversidade envolve responsabilidade educacional à participação e confiança dos pais

Baião de Dois vegetariano, opção oferecida no jantar às crianças na escola

(Divulgação)

Pensar na comida do futuro é perguntar: “para quem?”. A resposta pode ser facilmente encontrada no ambiente escolar, local onde estão concentradas uma quantidade expressiva de crianças, a próxima geração de cidadãos e cidadãs adultos cujas decisões irão impactar a vida em sociedade. 

A forma como esta geração irá lidar com as questões de sustentabilidade do planeta pode ser ensinada a partir da escola. O ensino para o consumo alimentar consciente já é uma realidade e se apresenta em ações simples, como plantar uma horta, ensinar às crianças a importância do alimento desde o seu cultivo até criar um dia específico sem o consumo de carne. 

Comer consciente e saudável pode começar de maneira muito natural, como no caso do Davi Gonçalves, 8 anos, que toda segunda-feira recebe as refeições na escola sem a adição de carne: “as comidas são tão gostosas que até nem reparei que não tinha carne. Os alimentos são coloridos e saudáveis”, conta. 

Davi é aluno da escola curitibana Interpares, que oferece diariamente quatro refeições aos seus cerca de 100 alunos e adotou a Segunda Sem Carne, em conformidade ao movimento global que deu origem à campanha. O projeto na escola começou em 2019, a expectativa é conscientizar as crianças desde cedo, além de fornecer novas experiências de sabores, texturas e aromas. 

“A mudança de fato depende da escola, de questões culturais e, principalmente, da confiança e participação dos pais nesse processo”, explica Dayse Campos, diretora da Interpares. O projeto nasceu a partir da observação de Aislaine Mattos, nutricionista e professora da escola, que percebeu tanto na instituição quanto nas famílias parceiras a preocupação em conscientizar os pequenos sobre o futuro do planeta, consumo consciente e educação alimentar. 

“Muitos pais têm a preocupação com o futuro de seus filhos daqui 20 anos e esse futuro está atrelado, em parte, à nossa cultura alimentar. Aproveitar essa sintonia de pensamentos é a oportunidade perfeita para implantar um projeto como esse”, explica a nutricionista.  

O movimento Segunda Sem Carne existe globalmente e chegou ao Brasil em 2009, através da Sociedade Vegetariana Brasileira. Ele visa reduzir em pelo menos um dia na semana  o consumo de carne e, dessa forma, beneficiar a própria saúde e o meio-ambiente.

Segundo a diretora da Interpares, o objetivo da Segunda Sem Carne na escola é mostrar o que podemos fazer para cuidar do planeta e, ao mesmo tempo, abrir o leque de sabores para a criança. “A partir da ausência da carne, você precisa colocar outras fontes de proteína na alimentação, às vezes até com alimentos que nunca foram experimentados pelas crianças porque os adultos acham que não são saborosos”, enfatiza.

Curiosidades sobre a ausência de carne no prato por um dia

O resultado de um dia sem carne pode produzir impactos duradouros na saúde e no meio-ambiente:

  • reduz as chances de desenvolver câncer de estômago e intestino;
  • evita problemas cardíacos;
  • deixa de emitir 14 quilos de CO2 (isso equivale rodar a distância de 100 km em um carro comum movido à gasolina);
  • economia em aproximadamente 3,4 litros de água por dia (corresponde a 26 banhos de 15 min). 

A educação do futuro, para ser efetiva, tem de considerar as ações que estão sendo empreendidas para privilegiar a primeira infância. “A partir daí, cuidar uns dos outros também é encontrar maneiras de fazer a nossa parte como educadores e isso inclui a sustentabilidade”, finaliza Dayse.

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