ACIRP doa material para confecção de mais de 50 mil “Máscaras do Bem” para profissionais de saúde


Modelo segue regras da ABNT e ANVISA e ganhou atenção de grupo de estudos de universidades norte-americanas, que recebeu o modelo para analisar sua eficácia

No início da quarentena, em meados de abril, Ribeirão Preto, assim como tantas outras localidades, se viu em uma situação de escassez de material de proteção individual, os chamados EPIs (Equipamento de Proteção Individual).

O setor público de saúde, que normalmente utilizava 300 máscaras por mês, passou a utilizar três mil por dia por conta da pandemia. O consumo em larga escala se intensificou mais ainda com a recomendação de uso por todos os segmentos, como indústrias, comércios e serviços, além do uso doméstico em geral.

Pensando nisso, a ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) investiu R$ 21,5 mil na compra de matéria-prima que foi doada ao projeto “Máscaras do Bem”, uma iniciativa que conta com voluntários e equipes de saúde do município para confeccionar máscaras, principalmente, para uso dos profissionais da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Pela ACIRP foram doados 2.120 metros de elástico roliços; 164 mil fechos práticos, 6.350 mil unidades de filtro SMS (produzido com tecnologia de spunbonded, meltblown e spunbonded) e 7.063 mil metros de TNT (tecido não tecido).

A produção foi realizada na EMEPEB (Escola Municipal de Ensino Profissionalizante) “Dr. Celso Charuri” e contou com colaboração de 50 voluntários. “A ação teve por objetivo cumprir uma função social latente de colaboração mútua entre instituições públicas e sociedade civil organizada comprovando que é possível construir um processo colaborativo para que as demandas sejam cumpridas de forma efetiva”, comenta a coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social da ACIRP, Silvia Balbino.

A doação da ACIRP resultou na confecção de 50.551 máscaras com tecnologia certificada e 2.890 aventais que foram distribuídos entre 65 unidades de saúde do município, instituições de idosos, hospitais públicos, Polícia Militar e SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

O modelo das máscaras e aventais fabricados foi supervisionado por uma equipe técnica do projeto composta por médicos, infectologistas, enfermeiros e artesãs voluntárias e seguiu os critérios da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Segundo a enfermeira da Secretaria Municipal da Saúde e gestora logística do projeto, Karina Fonseca de Souza Leite, a necessidade de confeccionar os EPIs surgiu diante da urgência em proteger, principalmente, os profissionais da saúde.

“Estudamos um modelo seguindo a legislação e colocamos a mão na massa. Através do WhatsApp, formamos um grupo de voluntários que auxiliaram tanto com mão de obra como na arrecadação de fundos para o projeto. Recebemos visitas de várias instituições que foram aprender conosco o modelo para também utilizar no seu hospital ou clínicas.

Karina conta que eles receberam também a visita de um pesquisador de Harvard que tomou conhecimento do projeto “Mascaras do Bem” e o incluiu em uma iniciativa internacional de união de universidades americanas que avalia a produção de EPIs durante a pandemia.

“Uma amostra das máscaras confeccionadas foi enviada aos Estados Unidos para exames e laudo da eficácia do produto. A intenção foi avaliar as melhores iniciativas no mundo para então propor um modelo que seja o mais seguro aos profissionais da saúde em todo o mundo”, explica a enfermeira.

Para o diretor da EMEPEB “Dr. Celso Charuri”, Roberto Rodrigues Pereira Junior, é muito importante a colaboração das instituições para o combate e enfrentamento da pandemia do Covid-19, principalmente para suprir demandas que o poder público não consegue.

“No início da pandemia em Ribeirão, não tínhamos material disponível pra oferecer as condições de trabalho necessárias aos profissionais de saúde. A ação da ACIRP foi de extrema importância para que a gente pudesse, não só preencher esta lacuna, mas também criar oportunidades de inovação, como foi o caso da certificação da máscara”, conclui.

A iniciativa deu tão certo que se ramificou, com apoio do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, para atender a demanda por máscaras de tecido caseiras para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e comunidades carentes de Ribeirão Preto.

O projeto “Máscaras do Bem está mencionado como case na sessão “comunidade” do site www.combatecovidbrasil.org, um portal de informações ligado ao MGB (Mass General Brigham) Center for Covid Innovation, instituto voltado para inovações no desenvolvimento de equipamentos de proteção para equipes clínicas e ao N95DECON, consórcio científico voluntário de cientistas, engenheiros, clínicos e estudantes de universidades dos EUA, além de profissionais do setor privado, que procura revisar, coletar, publicar e disseminar informações científicas sobre a descontaminação do N95 (máscara modelo de respirador de utilização hospitalar).

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