De mãe para filha: o que o cinema pode nos ensinar sobre a feminilidade
Psicanalista e escritora Malvine Zalcberg mapeia a construção de identidade entre mães e filhas a partir de paralelos com grandes filmes contemporâneos na obra “De menina a mulher”
O cinema e a psicanálise nasceram juntos, no século 19. Alfred Hitchcock ocupou perfeitamente esse espaço, ao aplicar a psicanálise às suas produções. A partir deste mesmo referencial, a psicanalista e escritora Malvine Zalcberg analisa a construção de identidade entre mães e filhas em De menina a mulher: cenas da elaboração da feminilidade no cinema e na psicanálise.
Em 352 páginas, a doutora em Psicanálise se utiliza dos enredos dos filmes – muitos oriundos da literatura autobiográfica e das ficções – para transitar sobre as questões que envolvem o referencial da figura da mãe na construção da identidade feminina. Razão e Sensibilidade, Melancolia, Animais Noturnos e De Olhos Bem Fechados estão entre as produções que emprestam nomes – para titular os capítulos – e histórias à abordagem psicanalítica de Malvine.
“Meu amor, seremos apenas um, isto é… eu”: esse trecho, extraído
do filme Manhattan (1979), de Woody Allen, é uma ilustração,
estranha e inquietante, do jogo narcísico da relação passional podendo
ser aplicado frequentemente à relação mãe-filha. O objeto,
tornado único e insubstituível, é convidado, por sua própria idealização,
a desaparecer enquanto outro – isto é, o ser amado, porque
único, é convidado a permanecer colado ao seu criador, para que
este possa apreciar sua obra. (De menina a mulher, p. 97)
Em torno da pergunta “O que é ser mulher?”, a psicanalista mostra os delicados fios que se desenvolvem para tecer a estruturação psíquica feminina. Ela analisa os aspectos envolvidos na criação de uma identidade própria que cabe a cada mulher conquistar, já que mais do que ‘nascer mulher, ela torna-se’. Para tanto, desde pequena a menina depende, em grande parte, dos recursos psíquicos dotados pela mãe, influenciada também pela forma como esta lida com a própria feminilidade.
Lançado também em francês, De menina a mulher nasce do desejo da autora – convencida da importância de transmitir as contribuições da psicanálise ao grande público – de trazer uma abordagem não sobre as mulheres, mas para elas, nesse caminho delicado, complexo e enigmático no relacionamento de mãe e filha. Enquanto elas terão respostas, os homens encontrarão perguntas que os farão rever conceitos e crescerem em humanidade.
Ficha Técnica
Título: De menina a mulher: cenas da elaboração da feminilidade no cinema e na psicanálise
Autor: Malvine Zalcberg
Editora: Edições de Janeiro
ISBN: 978-85-9473-032-9
Páginas: 352
Formato: 14×21
Preço: R$ 85,00
Link de venda: Amazon
Sinopse: O livro apresenta um estudo sobre a formação da feminilidade a partir da relação mãe x filha analisada através das lentes de filmes de variadas épocas. “O grande amor que uma menininha devota à sua mãe é, sem dúvida, genuíno mas não desinteressado. A menina ama sua mãe porque precisa dela – como o menino – para crescer. Mas, a menina também ama sua mãe porque precisa dela – e, nisto difere do menino – para conquistar sua identidade feminina. A mulher depende, assim, em grande parte, dos recursos psíquicos com os quais a mãe – a primeira – a dota, abrindo o caminho, em seguida, para outras aquisições formadoras de sua identidade feminina. Resta esperar que esta (a mãe) saiba como fazê-lo.”
Sobre a autora: Malvine Zalcberg é psicóloga, psicanalista e doutora em Psicanálise. Ao longo de 26 anos de atividades acadêmicas, ocupou cargos como Professora Adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (atualmente afastada) e Coordenadora do Curso de Pós-graduação lato senso em Psicanálise do Instituto de Psicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), além de chefe do Serviço de Terapia de Família no Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Convencida da importância de transmitir as contribuições da psicanálise ao grande público, vem se dedicando a esse objetivo paralelamente ao exercício da prática clínica e de participações em congressos e seminários de Psicanálise.
Em seus livros, bem como em suas intervenções em diversos meios de comunicação, expõe conceitos psicanalíticos em linguagem clara e acessível, sem, no entanto, abrir mão do rigor teórico.
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