Desafios do namoro na terceira idade
* Psicóloga Alessandra Augusto
De acordo com dados do Censo de 2022, a população com mais de 65 anos cresceu 57% na última década. Não podemos esquecer que as pessoas na terceira idade no Brasil são ativas e muitas ainda trabalham para complementar a renda. Quando o assunto é o coração, eles se tornam mais seletivos e frequentam ambientes que gostam, e que dão prazer, como forma de conseguir conexões reais.
Talvez pela seletividade ou mesmo por ser um meio de encontrar pessoas com os mesmos interesses, cada vez mais vemos essa faixa etária utilizando redes sociais e aplicativos de namoro. Mas vale fazer um alerta para ficarem atentos e não caírem em possíveis golpes. Na dúvida, peça ajuda a um familiar ou amigo ao usar os aplicativos. Caso surja um convite, certifique-se da identidade da pessoa, fale por vídeo antes de ir. Para o encontro, busque locais movimentados e desconfie da “perfeição”. Ninguém é perfeito.
Algumas pessoas na terceira idade possuem dificuldades em se relacionar por não se acharem atraentes ou joviais. Outras, acreditam que um corpo maduro não atrai pretendentes. Por outro lado, também existe quem não dá importância para padrões estéticos. O segredo é uma boa autoestima, quando a pessoa entende e reconhece quem é, essas coisas costumam abalar menos.
Outra questão que pode impedir pessoas mais velhas de namorar são as dúvidas em relação ao confiar. Existem dúvidas se pode existir algum interesse do outro em relação ao patrimônio e ao dinheiro. Em alguns casos, os filhos são contra um novo relacionamento dos pais e isso acaba sendo o empecilho.
As expectativas em um relacionamento maduro não são diferentes. Dentro de uma relação, a expectativa é querer dar e receber. Todos querem ser amados, todos querem amar. Eles namoram, fazem planos e com isso tem expectativas.
Na terceira idade, o momento é muito valorizado. Uma pessoa feliz torna os momentos simples extremamente prazerosos. Ela entende que a felicidade está na simplicidade. Então, uma pessoa feliz torna os momentos felizes. E é isso que a maturidade traz. Logo, é muito comum termos casais formados na terceira idade esbanjando alegria, bom humor e felicidade.
Para que um relacionamento dê certo, independentemente da idade, é importante que haja amor, carinho, reciprocidade nas relações, o mesmo investimento que um faz na relação do outro, ou seja, parceria.
É preciso também existir esse senso de empatia, essa vontade de fazer essa relação dar certo. No fundo, nós queremos que quem nos ame possa cuidar e tratar bem. Essa é a intenção, dar e receber. Mas o que faz dar certo é ter afinidade. Nessa fase da vida, muitos já estão até aposentados, já estão quietinhos e não querem muitas aventuras.
Lembre-se que ressignificar é preciso, sempre. Algumas dicas para começar um namoro na terceira idade é socializar. Procure estar em locais e situações que goste. Faça trilhas, entre grupos de dança, vá ao teatro. Busque estar ao lado de pessoas que tenham afinidade para trazer esse brilho para sua vida. E permita-se ser feliz novamente.
(*) Alessandra Augusto é formada em Psicologia, Palestrante, Pós-Graduada em Terapia Sistêmica e Pós-Graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental e em Neuropsicopedagogia. É a autora do capítulo “Como um familiar ou amigo pode ajudar?” do livro “É possível sonhar. O Câncer não é maior que você”.
Formada em Psicologia, Palestrante, Pós-Graduada em Terapia Sistêmica e Pós-Graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental e em Neuropsicopedagogia, Alessandra Augusto é a autora do capítulo “Como um familiar ou amigo pode ajudar?” do livro “É possível sonhar. O Câncer não é maior que você!”, da editora Conquista. Lidando diretamente com familiares coterapeutas em uma clínica de neurorreabilitação, a idealizadora do Projeto Psicoterapia Acessível entende a importância da participação da família e amigos no tratamento do paciente, e por meio deste artigo pretende propor um questionamento “Quem cuida do cuidador?”. Segundo ela, o “manejo das famílias é o que me encanta”.