Economia Prateada – perspectivas e oportunidades mulheres 60+
Convidadas:
Julia De Stéfani Cassiano Oncologista Co-fundadora da Plataforma digital Bem te quero +
Ísis Michelan Rodella Pesquisadora em Economia Social (LEPES-USP)
Entre Mulheres Talking 2025 no ShoppingSantaÚrsula Mediação Heloisa Pedrosa

Fico feliz que tenha gostado! Aqui está o mesmo texto, agora com um título adequado para blog — claro, direto e alinhado ao conteúdo:
Economia Prateada: o Protagonismo das Mulheres 50+ no Consumo, no Trabalho e na Longevidade
O envelhecimento da população brasileira já não é mais uma tendência futura — é uma realidade consolidada. E com ela, cresce o protagonismo da chamada economia prateada, termo que define o conjunto de produtos, serviços e oportunidades voltados a pessoas com 50 anos ou mais. Em um bate-papo aprofundado, Heloisa Pedrosa, Isis Michelan e Júlia Cassiano discutiram os múltiplos aspectos desse cenário que exige, urgentemente, um novo olhar do mercado e da sociedade.
Heloisa inicia o debate trazendo dados impactantes: hoje, no Brasil, pessoas com 50 anos ou mais movimentam cerca de R$ 2 trilhões por ano, de acordo com a consultoria Data8. Essa faixa etária representa 23% do consumo de bens e serviços, com uma renda anual estimada em R$ 940 bilhões. Nos Estados Unidos, a economia prateada já movimenta mais de US$ 7 trilhões por ano, considerando o público entre 52 e 70 anos. E mais: esse público permanece ativo no meio digital, com uma média de 11 horas semanais online. No Brasil, o grupo de pessoas com mais de 60 anos já ultrapassa os 37 milhões — e segue crescendo. Mesmo assim, continua sendo pouco contemplado por produtos, serviços e, principalmente, estratégias de comunicação. Para Heloisa, o valor movimentado poderia ser ainda maior se as empresas estivessem mais atentas às reais necessidades desse público, promovendo não só uma oferta qualificada, mas também um diálogo mais honesto e próximo.
A pesquisadora Ísis Michelan Rodella traz ao debate uma perspectiva construída a partir da vivência universitária e da prática social. Seu primeiro contato com a economia prateada veio por meio de um projeto de extensão com mulheres mais velhas que, à época, estavam fora do mercado de trabalho. Muitas não tinham profissão formal, atuavam em pequenos bicos e buscavam uma forma de se reinventar. Foi então que, junto a uma universidade de negócios, Isis participou do desenvolvimento de um projeto que transformou essas mulheres em costureiras empreendedoras, com marca própria e identidade profissional. A partir dessa experiência, ela passou a investigar o empreendedorismo feminino como uma via de resgate da autonomia para mulheres que, por motivos sociais, familiares ou estruturais, foram impedidas de construir uma carreira convencional.
Ao aprofundar os estudos, Isis percebeu que o empreendedorismo por conta própria se mostrava uma alternativa especialmente viável para mulheres em momentos de transição — como o pós-maternidade — e para aquelas com mais idade. Sua pesquisa revelou um crescimento expressivo na participação de mulheres com mais de 60 anos no mercado de trabalho, especialmente em atividades autônomas. Esse dado revela uma face pouco explorada da economia prateada: essas mulheres não são apenas consumidoras — são também criadoras, empreendedoras e líderes de pequenos negócios. Para Isis, é fundamental reconhecer que não se trata apenas de experiência profissional, mas também de experiência de vida, que pode ser um diferencial no retorno ao mercado e no fortalecimento de novos modelos de negócio.
Já Julia De Stéfani Cassiano propõe uma abordagem provocadora e necessária: se estamos envelhecendo, é porque estamos fazendo algo certo. A longevidade deve ser celebrada — mas, acima de tudo, deve ser vivida com qualidade, autonomia e protagonismo. Para ela, a longevidade é mais do que uma inversão da pirâmide etária — é um novo estilo de vida. A forma como consumimos, nos relacionamos e nos posicionamos no mundo muda com o tempo, e essa transformação precisa ser compreendida com profundidade. Júlia convida o leitor a imaginar as avós de gerações anteriores e compará-las com as avós contemporâneas: hoje, muitas mulheres com 60, 70 anos querem se vestir com elegância, praticar esportes, viajar, trabalhar e viver novas experiências. No entanto, esse público ainda encontra barreiras — quatro a seis em cada dez pessoas acima dos 55 anos dizem não se sentir representadas nas campanhas de marketing ou nas ofertas de produtos e serviços.
Ela aponta que o mercado ainda está excessivamente voltado à geração Z e aos jovens adultos, enquanto o poder aquisitivo, a experiência e a vontade de viver plenamente estão nas mãos da população madura. A solução não está em criar produtos ou espaços segregados para o “público 60+”, mas sim em promover o convívio intergeracional — em que uma mulher de 25 anos possa correr ao lado de uma de 70 e ambas sejam igualmente vistas e valorizadas. Longevidade, segundo Júlia, é também escuta, presença e inclusão de forma natural, não caricata. E as marcas que já compreenderam isso estão anos-luz à frente das demais.
O debate sobre economia prateada, longevidade e protagonismo feminino mostra que estamos diante de uma nova realidade: a da reinvenção. Mulheres mais velhas não apenas consomem — elas produzem, inovam, empreendem e exigem ser vistas como parte ativa da sociedade. Reconhecer esse movimento é urgente. Mais do que números, estamos falando de pessoas que querem — e merecem — viver plenamente todas as fases da vida.
Assista esse talking na íntegra, está muito ilustrativo e diferenciado quanto ao tema:
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