Evento debateu como as eleições podem influenciar a economia em 2019
Segundo especialistas, polarização do cenário político tende a dificultar recuperação econômica no próximo ano
O Antena Sicoob Cocred, evento realizado pela terceira maior cooperativa de crédito do Brasil em volume de ativos, reuniu na última quinta-feira (13), em Ribeirão Preto (SP), especialistas para debater cenários econômicos e políticos. O economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central, e o jornalista Merval Pereira, falaram a um público de 450 convidados sobre como os resultados das eleições de 2018 podem influenciar na economia em 2019.
“O Brasil tem todas as condições de ter um 2019 de melhora importante da economia. O país tem capacidade ociosa, tem gente pronta para trabalhar, tem uma situação tranquila do ponto de vista de inflação e de contas externas”, afirmou Schwartsman.
Segundo o economista, o Brasil está preparado para viver um novo ciclo de crescimento econômico desde que haja disposição para mudar aspectos importantes principalmente no que se refere ao equilíbrio das contas públicas e à participação do estado na atividade econômica. “Se tiver essa coragem o futuro pode ser brilhante”, afirmou.
Política e economia em 2019
Para o jornalista Merval Pereira, que acompanha os bastidores da política nacional, é fundamental que o novo presidente eleito tenha disposição para mudar o rumo do país, fazer as reformas necessárias e mudar a maneira de se relacionar com o congresso. “Temos que torcer para que o novo presidente tenha capacidade de conciliar os interesses. Se o próximo presidente tiver uma visão radical, de nós contra eles, de dividir o país, então teremos problemas”, disse.
Os reflexos deste radicalismo são sentidos ainda durante o período leitoral. “Cada vez que sai uma pesquisa dizendo que um candidato radical de esquerda e de direta tem mais possibilidade o dólar sente. Isso acontece porque o país está precisando de calma, de união, de fazer política sem atacar o adversário como inimigo”, avalia ele.
O debate foi mediado pelo jornalista João Borges, que há mais de três décadas acompanha a política econômica a partir de Brasília. Ele afirmou que o tempo para uma definição sobre os problemas na economia praticamente se esgotou. “Se não houver ações muito rápidas podemos entrar em recaída e piorar o quadro econômico, piorar o quadro político e social, com desemprego”, afirmou.
“O aumento do dólar, por exemplo, é uma reação de incerteza em relação ao futuro. Dependendo da consistência e da capacidade do futuro governo dar repostas, vai haver mais ou menos turbulência”, completou Borges.
Para Alexandre Schwartsman, independentemente dos resultados das eleições, embora o Brasil possua bons fundamentos econômicos, a incerteza já está deprimindo os investimentos e as decisões de consumo e isso também já coloca certas dificuldades para o ano que vem.
“O Antena Sicoob 3ª edição vem ao encontro de nossa estratégia de estarmos cada vez mais próximos e presentes junto a nossos cooperados, disseminando informações de qualidade, assessorando com os fundamentos e ferramentas necessárias para os desafios impostos, viabilizando tomadas de decisões mais assertivas e objetivando o crescimento e o desenvolvimento de nossos associados e suas comunidades por meio do cooperativismo”, afirmou Gabriel Jorge Pascon, diretor de Negócios da Sicoob Cocred.
Para Walter Becker, empresário de sertãozinho que atua no setor industrial, as discussões foram muito ricas para auxiliar no planejamento das empresas “O evento foi muito realista sobre o cenário atual político. Teve foco político e mostrou que sem definição política não tem economia que vá para frente”, afirmou. Para o empresário, cuja família foi uma das fundadoras da Cocred, a cooperativa não pode ser vista como um banco. “É uma associação de produtores. Uma instituição financeira que distribui o próprio resultado dela para os associados.
Já o cooperado Dilmar de Brito, produtor rural em Santa Cruz da Esperança e cooperado na Agência de Cajuru, observa que muitos dos problemas nacionais debatidos no evento também se refletem nos municípios, principalmente com relação ao cenário de indecisão. “Eventos como este nos trazem uma expectativa de melhora mas não estamos vendo a pessoa com capacitada para fazer isso”, afirma Brito. “O associativismo e o cooperativismo são a solução econômica, principalmente em sociedades menores, e a Cocred trouxe isso aos cooperados de uma forma muito positiva”, finaliza.