Instalação inédita de Jimson Vilela recebe visitas agendadas no MARP
A instalação “O mundo não escrito”, do artista plástico Jimson Vilela, fica em exposição no MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi até o dia 30 de julho. Os interessados em conhecer a obra, podem agendar visitas ao museu. A trabalho, inédito e grande escala, ocupa uma sala inteira do primeiro andar do MARP. A instalação reflete o percurso das preocupações estéticas e conceituais do artista, que tem como objeto o transbordar dos limites físicos do livro e sua relação com a memória.
Nas explorações e investigações de Jimson Vilela, o objeto livro está constantemente presente como uma escala que tanto desafia o espaço expositivo quanto a percepção e os sentidos do observador. Para o artista plástico Fábio Morais, Vilela apropria-se de formas ordinárias, como o livro, com a intenção de deformá-las conceitual e fisicamente. No texto “Ver o Ler ou Vice-Versa”, Morais destaca que o “artista desfuncionaliza o livro ao abandonar o design em prol de procedimentos escultórico-instalativos, em que livros escorregam rumo a outros para se contradizer de forma mútua e, então, dialogar”.
Plataforma para o horizonte não escrito
O público que visitar a instalação “O mundo não escrito” vai se deparar com uma obra
composta por duas plataformas de madeira e ferro vazadas, com uma área de aproximadamente 15 m² cada. Elevadas a 60 cm do chão e acessível ao visitante através de níveis escalonados por degraus de 15 cm de altura, essas estruturas, que lembram um píer, criam no espaço expositivo caminhos suspensos que podem ser percorridos até o último nível das plataformas, onde há um livro aberto de páginas em branco.
Nos pisos, onde o livro está apoiado, há um corte. Os objetos são encadernados de modo que suas páginas vazem para o espaço através de uma fenda em sua lombada. Essas páginas, interligadas e contínuas, que somam uma extensão de cerca de 20 mil metros de papel, atravessam os cortes feitos nos pisos, preenchem parcialmente as plataformas, e se acumulam em todo o pavimento do espaço expositivo.
O público que acompanha todo esse percurso das páginas fica diante da visão de um horizonte vazio, circundado por um mar de papel em branco, que escapa dos livros e inunda o chão do museu. Ao mesmo tempo, essa imensidão de folhas não escritas parece transbordar desse mar e invadir as margens dos livros.
Jimson Vilela conta como sua relação com sua cidade natal, o Rio de Janeiro, o mar, os rios, os livros e a memória estão presentes em suas obras. “Sou um carioca que nasceu na beira do rio. Ver o rio correr foi tão importante quanto ver o horizonte à beira do mar. No Rio quando a maré sobe, alguns rios correm para dentro em direção à nascente até transbordarem. Quando vejo o que faço, penso que meus livros são nascentes d’água jorrando páginas para o mundo, derramando para fora do livro. Eu escolhi trabalhar com livro, pois ele é uma estrutura ordenada e serve, a muito, para organizar e armazenar o pensamento humano. Eles são uma extensão da nossa memória, então, exceder o livro, sair de seu governo e ir para o espaço, significa aludir coisas que não se fiam, tão somente, no intelecto, naquilo que é entendido, sistematizado e registrado.”
Da instalação ao livro
O projeto “O mundo não escrito” é realizado através do ProAC Editais Artes Visuais 2019 do Governo do Estado de São Paulo. Como parte das atividades do projeto, Jimson Vilela promoveu, em parceria com o MARP, uma leitura de portfólio online, que contou com a participação de 42 artistas de diferentes formações. Jimson também irá lançar um livro catálogo do projeto “O mundo não escrito”, assim como fez com os seus trabalhos Adaptável ao espaço que as palavras ocupam (2015) e Narrativa (2018). As publicações e outras informações sobre o artista estão disponíveis no site www.jimsonvilela.com
Currículo do artista
Carioca, radicado em São Paulo, Jimson é doutor em Poéticas Visuais (ECA/USP, 2020), Mestre em Poéticas Visuais (ECA/USP, 2015), Bacharel em Artes Visuais (IART/UERJ, 2010) e atua como artista visual desde 2008. Entre suas principais exposições, destacam-se as individuais Longe dos olhos (Galeria Simone Cadinelli, 2019), Narrativa (Espaço das Artes, 2018) e Adaptável ao espaço que as palavras ocupam (Centro Cultural São Paulo, 2015), e as coletivas Retrospectiva – 25 anos Programa de Exposições CCSP (Centro Cultural São Paulo, 2015), Convite à viagem (Rumos Itaú Cultural, 2012 e 2013) e participações na 6ª e 7ª Bienal Internacional da Bolívia (SIART, 2009 e 2011). O artista possui trabalhos em coleções públicas como MAC Niterói, MAM-RJ, MAR-RJ e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Serviço
Exposição “O mundo não escrito”
Quando: 08 de junho a 30 de julho
Onde: MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
Endereço: Rua Barão do Amazonas, 323, Ribeirão Preto – SP
Agendamento prévio: Visitação de terça a sexta, das 14h às 17h30 e, aos sábados, nos dias 19/06 e 10/07/2021, visitação das 10h às 14h.
Entrada gratuita
Informações e agendamento: (16) 3635 2421 ou pelo e-mail [email protected]