“Leopoldina, Independência e Morte” volta à cena em espetáculo online gravado fora do teatro
O autor e diretor Marcos Damigo propõe uma releitura de peça que já foi vista por mais de 10 mil pessoas
Um ano depois de interromper sua quinta temporada no teatro por conta do início da pandemia, “Leopoldina, Independência e Morte” volta com nova linguagem para apresentações online com estreia no Dia internacional da mulher, 08/03, às 20h30.
As sessões são gratuitas (contribuição voluntária), e acontecem em três horários de terça (09) a sexta (12) – 10h30, 15h30 e 20h30. A grade de horários foi pensada visando possibilitar escolas a incluírem a atividade no âmbito do estudo da História do Brasil, feminismo e audiovisual por exemplo. Será disponibilizada uma revista digital com material de apoio com informações extras e um glossário.
No final de semana, dias 13 e 14/03, as apresentações acontecem em dois horários, 15h30 e 20h30, totalizando 17 apresentações no YouTube e Facebook com interpretação em Libras no Facebook e opção de legenda no YouTube.
A nova versão do espetáculo foi viabilizada por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei 14.017/20 do Governo Federal), através do PROAC (Programa de Ação Cultural) do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Idealizado por Marcos Damigo, o projeto nasceu em 2017 com experimentos abertos ao público no Museu do Ipiranga e, além das temporadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a peça foi veiculada pela TV Brasil no programa Curta Temporada e publicada em livro pela Editora Giostri. Ao todo, o espetáculo já teve mais de 10 mil espectadores desde sua estreia no CCBB São Paulo em 2018.
A obra retrata uma imperatriz Leopoldina ainda desconhecida por grande parte dos brasileiros: culta e preparada, foi além do papel que lhe cabia em seu tempo histórico. Primeira mulher a se tornar chefe de Estado do Brasil, teve importância decisiva no processo de independência. Engravidou nove vezes e morreu aos 29 anos.
Para a reestreia via internet, o autor e diretor Marcos Damigo apresenta uma releitura com Sara Antunes como Leopoldina (na foto de Otávio Maciel Gonçalves), Plínio Soares no papel de Bonifácio e Ana Eliza Colomar trazendo a música para o centro da cena com flauta transversal e violoncelo.
“Além de simplesmente veicular uma versão gravada da peça, optamos por investigar esse lugar estranho, que não é nem teatro nem cinema. Se por um lado não temos o calor humano da presença que tanto alimentou este trabalho desde o primeiro encontro com o público em 2017, temos agora outros recursos para nos auxiliar”, diz Damigo.
“As cenas acontecem em espaços que dialogam com o texto. A natureza, tão cara a Leopoldina, passa a ser quase um personagem na primeira cena, gravada no Parque Estadual da Cantareira. O delírio da terceira cena ganha concretude com a possibilidade da edição de imagens e do uso de efeitos sonoros e visuais”, conclui.
Sinopse
O espetáculo recria três momentos da vida da arquiduquesa austríaca que viveu no Brasil no século XIX, entre 1817 e 1826: recém-chegada da Áustria, ela relata a uma interlocutora estrangeira suas primeiras impressões sobre o Brasil; num segundo momento, Leopoldina, agora imperatriz, e José Bonifácio, seu principal aliado, analisam o complexo processo de independência após um acerto de contas; e, por fim, num delírio que consumiu seus últimos dias, ela relaciona sua vida, sua época e os projetos em disputa naquele momento com os dias de hoje.
A origem do espetáculo
“O ensaio publicado pela escritora e psicanalista Maria Rita Kehl no livro ‘Cartas de uma Imperatriz’ (Estação Liberdade) foi o estopim para encontrar o recorte de uma história tão rica e interessante, enfatizando a transformação da princesa europeia em estadista consciente de seu tempo histórico. Queremos também mostrar para o público de hoje o projeto de um país que, infelizmente, fracassou com a sua morte e o exílio de Bonifácio. Falar deste sonho de quando o Brasil se tornava uma nação independente é importante para nós, principalmente neste momento em que parecemos ter que negociar pressupostos muito básicos dos entendimentos sobre a vida em sociedade”, conta o autor e diretor Marcos Damigo.
Esta montagem é um sonho acalentado por Damigo há vinte anos. Suas inspirações para jogar luz sobre o legado da primeira mulher a se tornar chefe de Estado do Brasil (em duas situações ela governou o Brasil como regente interina: setembro de 1822, quando a independência foi proclamada, e no final de 1826, já em seu leito de morte), surgiram de um mergulho profundo na história de Leopoldina publicada em biografias, artigos e cartas – trechos das correspondências estão no texto no espetáculo. Falas de Bonifácio também foram extraídas de escritos do primeiro brasileiro a ocupar o cargo de Ministro de Estado. O historiador Paulo Rezzutti, autor do livro “D. Leopoldina, a história não contada“ (Editora Leya), prestou consultoria histórica para a peça.
Sobre a imperatriz Leopoldina
Descendente dos Habsburgos, a família mais poderosa do início do século XIX, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena nasceu em Viena, capital da Áustria, em 22 de janeiro de 1797. Era filha do imperador Francisco I da Áustria e de Maria Teresa da Sicília. Foi a primeira imperatriz brasileira e ficou conhecida popularmente como D. Maria Leopoldina. Deixou sua terra natal rumo ao Brasil para casar-se com Dom Pedro I, em um matrimônio arranjado típico daquela época.
Leopoldina chegou ao Brasil com 19 anos, morreu aos 29 e engravidou nove vezes. Articuladora e estrategista, foi responsável por ações cruciais para a política da época, mas seu grande feito como estadista não foi reconhecido até os dias atuais: enquanto regente interina durante viagem de Dom Pedro a São Paulo, ela reúne os ministros e decide pela independência do Brasil no dia 02 de setembro de 1822. Na peça, ela clama pela autoria do momento histórico e questiona a escolha do dia 07 de setembro para sua celebração.
Gostava de teatro e literatura e falava vários idiomas, além de ser botânica e mineralogista. Segundo Maria Rita Kehl, “D. Pedro continuava dependendo de Leopoldina; ela o orientava politicamente, comunicava-se com representantes de países estrangeiros com mais desenvoltura, falava mais línguas e era mais culta do que ele. Mas Pedro vingava-se da superioridade da esposa desmoralizando-a como mulher”. Conforme a paixão de D. Pedro por Domitila se tornava pública e ela ficava cada vez mais poderosa, Leopoldina e o projeto político que representava foram perdendo força. Morreu após um aborto, deixando cinco filhos, entre eles o sucessor do trono, Dom Pedro II.FICHA TÉCNICA Autor e Diretor Artístico: Marcos DamigoElenco: Sara Antunes e Plínio SoaresMúsica: Ana Eliza ColomarFigurinos: Cássio BrasilCabelo e Maquiagem: Otávio Maciel GonçalvesAssistente de direção e produção: Vítor Gabriel Produção Audiovisual: Central SP ProduçõesDireção/Edição: Alexandre LealDireção de fotografia e câmera: Jones Kiwara2a câmera e fotografia still: Josemar Gouveia Áudio: Wagner PulgaProdução: Orlando Chavatta Assessoria de Comunicação: Agência Fervo – Priscila Cotta, Teresa Harari e Fabiana CardosoDesign gráfico: Ramon Jardim Diretora de produção: Fernanda MouraRealização: Palimpsesto Produções Artísticas
SERVIÇO
YouTube com opção de legenda
Facebook com interpretação em Libras.
As apresentações não ficam no ar após a exibição.
Estreia dia 08/03, segunda: 20h30
Dia 09, terça: 10h30, 15h30 e 20h30
Dia, 10, quarta: 10h30, 15h30 e 20h30
Dia, 11, quinta: 10h30, 15h30 e 20h30
Dia 12, sexta: 10h30, 15h30 e 20h30
Dia 13, sábado: 15h30 e 20h30
Dia 14, domingo: 15h30 e 20h30
Contribuição voluntária:
Chave Pix: [email protected]
Marcos Damigo (diretor/autor/idealizador)
Ator, diretor e autor teatral formado pela Escola de Arte Dramática (ECA/USP), possui grande interesse pela história do Brasil como fonte de criação artística: ganhou o Prêmio Nascente da USP por seu primeiro texto teatral, “Cabra”, sobre a Guerra de Canudos; adaptou clássicos como “O Retrato de Dorian Gray” (Oscar Wilde), realizado pelo Teatro Popular do SESI SP, onde também foi protagonista, e “O Barão nas Árvores” (Ítalo Calvino), para a Cia. Circo Mínimo; e coordenou a dramaturgia do projeto “O Que Morreu Mas Não Deitou?”, indicado ao Prêmio Shell na categoria especial. Como diretor, realizou “Os Visitantes” (Priscila Gontijo) e “Perfeitos, Perversos e Educados” (Howard Brenton), que também traduziu para o português. Na televisão, estreou no SBT como protagonista da novela “Fascinação” (Walcyr Carrasco). Na Rede Globo, atuou em “Joia Rara” (Thelma Guedes e Duca Rachid), ganhadora do prêmio Emmy Internacional de melhor novela, e “Insensato Coração” (Gilberto Braga e Ricardo Linhares). Recentemente, atuou nos elogiados monólogos baseados nas obras de Machado de Assis “As Sombras de Dom Casmurro”, sob direção de Débora Dubois, e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, direção de Regina Galdino, que lhe rendeu indicação ao Prêmio APCA de Melhor Ator 2017.
Sara Antunes (atriz)
Esteve recentemente no ar como a evangélica Márcia na série “Segunda Chamada”, TV Globo, e em 2020 estará na série “Todas as Mulheres do Mundo”, de Jorge Furtado, também na TV Globo, uma homenagem a Domingos Oliveira, falecido em 2019.
Atriz formada pela Escola de Arte Dramática (ECA/USP) e bacharel em Filosofia pela USP, foi uma das fundadoras do Grupo Tablado de Arruar e do Grupo XIX de Teatro, ambos de São Paulo, tendo realizado turnês pelo Brasil, Portugal, França, Inglaterra e Cabo Verde. Atuou em português, francês e inglês. Como atriz e dramaturga, atuou nos espetáculos premiados “Hysteria”, “Hygiene” e “Arrufos”, com o Grupo XIX de Teatro. Criou e atuou nos solos de sua própria autoria “Negrinha” e “Sonhos Para Vestir”, dirigidos por Vera Holtz. Foi Diretora-Assistente do espetáculo “Sentimento do Mundo” (Domingos de Oliveira). Também atuou nas peças: “Guerrilheiras ou Para a Terra não há Desaparecidos” (Grace Passô), sob direção de Georgette Fadel; “As Meninas” (Maitê Proença e Luiz Carlos Goés), direção de Amir Haddad; e “Vestido de Noiva”, direção de Caco Coelho. Entre os principais prêmios que recebeu, estão: APCA, Qualidade Brasil, Nascente, além de ter sido indicada ao Prêmio Shell, juntamente com o Grupo XIX de Teatro, como melhor atriz no Prêmio Questão de Crítica, e como melhor atriz coadjuvante no Festival de Gramado. Na televisão, participou do seriado “A Grande Família”, das novelas “Em Família”, “A Vida dos Outros” e da série “Nada Será Como Antes”, todas pela Rede Globo.
Plínio Soares (ator)
Graduado pela Escola de Arte Dramática (ECA/USP). No teatro atuou em diversos espetáculos, incluindo “Noés”, de Rafael Neumayr, direção de Carlos Gradim; “Sonata De Outono”, de Ingmar Bergman, direção de Aimar Labaki; “Maria Miss”, adaptação de conto de Guimarães Rosa por Ewill Rebouças, direção de Yara de Novaes; “A Mulher que Ri”, de Paulo Santoro, direção de Yara de Novaes; “Hamlet”, de William Shakespeare, direção Francisco Medeiros; “O Que Morreu Mas Não Deitou” e “Terra Sem Lei”, coordenação de Francisco Medeiros; “Ricardo III”, de William Shakespeare, direção de Roberto Lage; “Prova Contrária”, de Fernando Bonassi, direção de Débora Dubois; “Bonita Lampião”, de Renata Melo, direção de Renata Melo (indicado Prêmio Shell como Melhor Ator); “O Santeiro Do Mangue”, de Oswald de Andrade, direção de José Celso Martinez Corrêa; “Esperando Godot”, de Samuel Beckett, direção de Francesco Zigrino; entre outras. No cinema, atuou em “O Coletor”, de Marcos Alquéres; “Therese”, de Fabiana Serpa; “Xingu”, de Cao Hambúrguer; “Ensaio Sobre A Cegueira”, de Fernando Meirelles, “Bruna Surfistinha”, de Marcos Baldini; “Domésticas”, o filme, de Nando Oliva e Fernando Meirelles. Na televisão integrou o elenco de “Malhação-Conectados”; “Mad Maria”; “A Cor do Pecado”, “Esperança”, “Coração de Estudante” (Rede Globo); “Telecurso 2000” (Fundação Roberto Marinho); “Homeless”; “Castelo Ra-Tim-Bum”; “Mundo da Lua” (TV Cultura); “Milagres de Jesus” – “A Mulher Encurvada”; “Cidadão Brasileiro” (Rede Record).
Ana Eliza Colomar (musicista)
Bacharel em Letras pela USP, completou seus estudos na Escola Municipal de Música de São Paulo. Atua profissionalmente tanto em música erudita, como em música popular, executando violoncelo, flauta e sax. Integrou a Orquestra Experimental de Repertório e a Orquestra Sinfônica de Santo André. Tem ampla experiência em espetáculos teatrais: Integrou o Grupo do Ornitorrinco, o Grupo XPTO, o elenco de “O Retrato de Dorian Gray” no SESI São Paulo, como instrumentista e arranjadora. Autora e intérprete solo da trilha de “Leopoldina, Independência e Morte”. Integrou elenco de “Noite Filme Noir Cabaret – Trixmix.” Foi flautista e saxofonista dos musicais “Les Misérables” e “A Bela e Fera”. Acompanhou e gravou com Edson Cordeiro, com participação de Ney Matogrosso, Laura Pausini, Fortuna, Gereba, Rita Ribeiro, Loop B, Socorro Lira, Fioti, Stela Campos, Quinteto Aralume, Grupo Bojo, Thiago Pethit, Tiê, entre outros. Desenvolve também projeto de união da linguagem acústica com música eletrônica junto ao Grupo Pedra Branca. Integrou o quarteto de jazz da pianista Christianne Neves com a qual foi solista no Festival de Jazz de Sorocaba, em 2013. Integra, há 20 anos, o grupo de música étnica Mawaca, com o qual participou de inúmeros festivais e shows pelo mundo, e o grupo de samba e choro Dedo de Moça, vencedor do fomento música 2019.