Lula deve construir pontes por meio da oratória

“Eu vou governar para todos, inclusive para quem não votou em mim. Nosso povo é um só”. Foi com um tom a favor da união que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, discursou neste domingo, após vitória apertada conquistada nas urnas no segundo turnos das eleições presidenciais. 

Apesar do resultado comprovar a polarização do pleito, com Lula eleito com 50,9% dos votos contra 49,1% do seu adversário, ele optou por um discurso de conciliação e união nacional. Na Avenida Paulista, em São Paulo, estava à vontade, cercado por seus apoiadores, e usou todo poder de comunicação que o ajudou a ser eleito presidente do Brasil pela terceira vez e o mais votado da história.

De acordo com Fabiana Teixeira, especialista em comunicação, um dos motivos que levou Lula a conquistar tanta popularidade e ser tão querido é porque ele é um mestre na oratória. “Sabe como tratar as massas e se identificar com o povo. Lula falou para os brasileiros que passam fome, mulheres, negros e indígenas. O presidente eleito sabe de onde veio a vitória dele”, afirma Fabiana. 

Em tom pacificador, o presidente eleito afirmou que deve governar para todos e convocou governadores e congressistas para participarem do seu governo. Ele sabe a importância das alianças e como gerar conexão: “Vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para o que nos une do que pelas nossas diferenças. Vou precisar de todos os partidos políticos, governadores. Gente de todas as religiões”, disse em seu discurso de vitória. 

Mesmo cansado de uma campanha exaustiva e uma contagem de votos ponto a ponto, Lula se superou no discurso. “Foi inspirador, completo, deu tom de uma atitude construtiva de união com busca de convergência. Até quem não gosta do Lula reconhece que sua oratória é empolgante”, garante a especialista.

Em uma análise profunda, Fabiana afirma que com seu jeito simples, Lula faz com que as pessoas se envolvam com suas mensagens. “Em todos os discursos se apresenta com três características constantes: indignado, irônico e emocional. Quase sempre em que fala de problemas ou de seu adversário mostra indignação nas palavras. Em outros momentos, principalmente quando não possui argumentos suficientes para atacar, adota o tom irônico e sarcástico, mas nunca deixa de se comunicar com emoção e assim consegue se aproximar mais da população”, explica. 

Além disso, Lula destacou a importância da democracia. “E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar, como instrumento para melhorar a vida de todos e não para perpetuar desigualdades”, declarou.

Na frente do governo, a missão mais difícil de Lula a partir de agora será unir todos os brasileiros, construir pontes e pacificar as relações. Ele sempre foi um grande articulador, mas agora é preciso exercer essa qualidade e governar para todas as camadas sociais e também para todas as ideologias. “Ele deu o primeiro passo de uma comunicação não violenta e de uma escuta ativa favorecendo a democracia e o bem comum. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva investiu em um discurso cheio de recados no sentido de união. É praticamente impossível alguém ficar indiferente diante do seu desempenho oratório”, finaliza Fabiana. 

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