Pertencimento – O que isso pode mudar no contexto organizacional?

*Daniele Costa

Quando percebi a criação desse tema para um dos meus artigos, logo me veio a imagem das minhas gatinhas, sim, tenho duas gatas lidas, vira-latas e adotadas.

E o que pertencimento no contexto organizacional tem a ver com elas? Tudo.

Em nenhum momento da minha vida me imaginei com uma gata, aliás, sempre tive medo de gatos, até que um dia escolhi ter um gato. É incrível como mudamos nessa vida!

Adotei uma linda gata cinza vira-lata e dei o nome de Frida, porque amo Frida Kahlo, suas obras e criações em total conexão.

Bom, à época estava morando em Brasília, Frida chegou com 35 dias de vida e junto com toda sua energia me trouxe um casamento e a mudança para cidade de São Paulo.

Já morando há 9 meses em São Paulo, uma colega de trabalho me falou a respeito de uma gatinha que estava para ser abandonada. Eu, com muito dó e sem saber se divulgava a doação ou acolhia a gata, acabei seguindo meu coração e adotei a gatinha que recebeu o nome de Cleópatra, vulgo Cléo. Pelo visto a energia feminina adora reinar na minha casa (risos).

Bom, sigamos, e o que isso tem a ver com pertencimento? Agora começa a história.

Você sabia que fazer a introdução de um gato novo em um ambiente exige psicologia?

Frida reinava filha única na casa durante quase um ano, até que chegou Cleópatra com seu reino e personalidade única também.

Duas gatas. Duas fêmeas. Duas líderes. Cada uma com sua personalidade.

Foi um mês para adaptação. Frida estranhou uma energia nova no pedaço, um cheiro novo: tem alguém na minha casinha!

Por sua vez, Cleópatra, exigiu sua cama, sua comida, sua água e seu pedaço que lhe cabia no latifúndio.

Foi competição durante um mês. E durante um mês, os humanos pais estudando psicologia felina e quase surtando (risos).

As fêmeas comandavam o pedaço, cada uma a seu modo. Mas estava muito difícil e pesada a adaptação, elas realmente não se queriam no mesmo espaço, já tínhamos contratado especialistas, cat sitter e nada de se adaptarem, já estávamos desistindo.

Até que houve uma constelação familiar no meio do caminho, que me trouxe bastante clareza de como lidar com a situação. Fui constelar outro tema da minha vida — sim, eu me trabalho muito para trabalhar outras pessoas, ninguém pode dar aquilo que não tem.

E, então, durante a constelação e em uma troca de informações com a terapeuta sobre a adaptação das gatas, ela me fez a pergunta: Dani, você já deu um lugar para a Cléo nesta família? Já disse a ela que ela é bem-vinda? Já trouxe pertencimento a ela?

Eu não havia pensando nisso, lembrei de tudo que era necessário para sobrevivência básica dela, mas não pensei em algo como pertencimento.

Quando saí da sessão, cheguei em casa e conversei com a gatinha, pus o meu marido para fazer o mesmo e falamos para ela que ela era muito bem-vinda naquela casa, ali era o lugar dela, se ela escolhesse.

A partir daquele momento, a energia mudou, e as gatas começaram a se entender e a Frida, minha primeira gata, aceitou a presença da Cléo de forma leve, fluída e, claro, do jeito dela de receber e aceitar.

Essa situação me fez refletir o quanto o pertencimento é importante. Saber que temos um lugar ali naquele espaço que ocupamos, muda todo o cenário e perspectivas.

Com isso, fiz também uma analogia, o quanto esse pequeno cenário de adaptação que relatei aqui acontece nos ambientes corporativos e como uma palavra de empoderamento, de dar lugar e trazer pertencimento pode mudar toda uma situação.

Eu tive líderes que fizeram isso por mim e abriram esse espaço de pertencimento. Isso muda a energia do grupo, pois traz a percepção de que quem está chegando faz parte do ambiente e a adaptação e integração se tornam muito mais leves e fluidas.

Mas tive alguns que sequer davam espaço para isso, na verdade, tinham uma visão de despotismo, o reinado era absoluto e os outros que se virem.

O ambiente assim era péssimo, o clima organizacional extremamente pesado. O que faltava ali? Dar voz e lugar para cada um. Todos nós ocupamos um espaço no mundo e no universo e quem vem antes, pode facilitar esse processo de ocupação.

Ficou a lição e percepção com toda essa história: ambientes que têm climas organizacionais pesados, será que têm um processo de ambientação equilibrados? Será que cada um está ocupando o seu devido lugar? E será que o líder está dando voz e lugar a eles, trazendo pertencimento?

Deixo a reflexão de vocês. Ah… e quanto às minhas gatas, estão devidamente integradas.

Sobre Daniele Costa

É mentora, palestrante e facilitadora em desenvolvimento integral humano.  Também é idealizadora da Plataforma da Vida, um portal de conteúdo e serviços voltados para autoconhecimento e gestão emocional. Formada em letras, com 2 pós graduações na área de gestão, passou pelo serviço público de Brasília e atuou 13 anos como bancária, nove deles como gestora.

Durante os anos de banco, coordenou trabalhos que exigiam empatia e a presença do outro, o que a fez expandir características como a facilidade com a escrita e o interesse em relacionamento humano. Ainda em seus anos corporativos, procurou se aprofundar em cursos voltados para o autoconhecimento, desenvolvimento humano e expansão de consciência, tanto no Brasil quanto fora do país. 

Além do portal, Daniele também criou o coletivo Brazilinas, que em um ano de existência desenvolveu, entre outras ações, a capacitação profissional de diversas mulheres em situação de vulnerabilidade social, trabalhando também a autoestima e incentivando a independência dessas mulheres.

Para saber mais, acesse: plataformadavida.com / Instagram: @plataformada.vida e @dani.costa.oficial

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