Sete reivindicações de uma criança negra

Racismo e falta de representatividade são os principais assuntos abordados na história contada em Preta de Greve e as Sete Reivindicações, obra escrita pela professora aposentada Zenilda Vilarins Cardozo. Com muitas rimas, inspirado na literatura de cordel e ilustrações de Tone Ribeiro, o livro envolve e emociona os leitores que acompanham a jornada da protagonista Pérola Preta, que busca voz e vez na sociedade.

A partir do tripé Informação, Resistência e Reivindicação, Pérola Preta, após vivenciar situações de racismo na escola, nota que essa prática se estende para outros lugares e inicia uma luta pela sua afirmação. Inicialmente ela recorre ao espelho, um presente que recebeu da tia assim que nasceu, pois o objeto tem o poder de confortá-la. Ao não ter suas dúvidas sanadas, Peróla resolve buscar respostas, recebe ajuda da professora e une forças para aliviar suas angústias.

Zenilda, que dedicou 34 anos de sua vida à educação, sentiu-se motivada a começar a escrever quando identificou a ausência de textos sobre questões sociais para trabalhar com os alunos em sala. Este também foi o pontapé inicial que deu origem ao livro Preta de Greve e as Sete Reivindicações, uma trama sobre mulheres negras e o pouco espaço que elas ocupam no poder.

No título da publicação literária, o termo “Preta de greve” é uma licença poética que a escritora utiliza como provocação a norma culta “em greve”. Zenilda propõe chamar a atenção para a condição da mulher negra na sociedade e a necessidade de lutar diariamente por direitos. A ideia da trama surgiu enquanto ela participava do projeto Força Substantivo Feminino, que trabalhava o empoderamento da mulher, com crianças de 6 a 11 anos. Desta forma, Pérola Preta dialoga com os jovens leitores.

As 7 reivindicações fazia questão de divulgar,
E sempre que necessário fazia questão de lembrar:
1. O que é cabelo bom?
2. Lápis da cor da minha pele não há?
3. Por nossa história, meu povo merece respeito.
4. Feio é seu preconceito.
5. Nós também temos direito a voz, podemos falar.
6. Escolas para todos nós, pois queremos estudar.
7. Somos lindas, somos fortes.
(Preta de Greve e as Sete Reivindicações, p. 23)

Zenilda Vilarins Cardozo acredita que a literatura deve tocar o coração dos pequenos e que as crianças são os parceiros perfeitos para a construção de um mundo melhor e a escola é o melhor lugar para se iniciar esse projeto. Preta de Greve e as Sete Reivindicações vai de encontro com os ideais da autora ao apresentar um cenário real e cotidiano de jovens e adultas negras.

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