Um olhar realista para o (não) ser mãe

A pesquisadora e publicitária Ana Luiza de Figueiredo Souza traça um olhar panorâmico sobre as práticas cotidianas integradas à cultura digital, que revelam a intensiva presença que a maternidade ocupa na vida de diferentes mulheres: mães ou não. “Tanto aquela que não deseja ser mãe quanto a que planeja ter filhos possuem ‘vivência materna’. É dela que tiram suas inferências, pois tiveram mãe, avó, amigas mães, imagens culturais e midiáticas relacionadas à maternidade”, argumenta.

Ana Luiza descortina o complexo universo das vivências maternas nas mídias sociais, convoca as leitoras à autorreflexão e também levanta a bandeira pela desromantização da maternidade. “É preciso falar do assunto de forma aberta, realista, sem esconder sentimentos ou aspectos que não sejam somente de satisfação. Desnaturalizar o instinto materno como próprio do gênero feminino e refletir sobre o conjunto de práticas socioculturais que levam as mulheres a virarem mães, sem que isso represente de fato uma escolha”, defende.

Baseado em pesquisa vencedora do Prêmio Compós, o livro expõe os processos de concepção de modelos de maternagem predominantes ao longo da história do Brasil, contextualiza as atuais problemáticas relacionadas ao tema, bem como à não maternidade, e de que formas se manifestam nas narrativas e atitudes de mulheres conectadas em rede. A autora também explica termos como maternidade compulsória, childfreebaby blues, e discute sobre aborto, parentalidade, coletivismo e solidão materna.

Ser mãe é f*d@! é uma reflexão que vai além das experiências individuais e da centralidade que as narrativas de se assumem no cenário contemporâneo. Reflete também sobre questões que envolvem políticas públicas e mesmo leis que afetam diretamente os corpos femininos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *